Caminho vermelho

Te beijo o perfumado pulso
Porque é onde te pulsa a vida,
e essa vida
traça o caminho vermelho
de teu sangue,
Por minhas veias,
Num ritmo só teu e meu.
Te beijo o seio esquerdo
Porque é onde teu coração
Escuda teus mais latentes sentimentos,
Por mim, ou por um outro qualquer
Mártire de teus olhos altivos.
Te beijo a carne da boca, porque com ela
Me contas,
tanto dulcíssimas mentiras,
Quanto verdades mordazes sabor de fel,
Me fazendo também
escravo de teus sorrisos
Te beijo o febril ventre,
porque é onde te sinto muito mais viva,
onde em ti se faz possível vida
e visceral brasa a consumir desejos.
Amo-te, então, inteira.
Da pele fria
Às cálidas entranhas.
Tua anatomia é meu objeto de estudo
E te sou dedicadíssimo aluno.

— Alana Marroquim, Mar. 2022

Carne de carnaval (um frevo fagulha)

É tanta pagã culpa
Que mora na vulva
É de uma brasa colérica
Um frevo fagulha
Que toma todo o ventre
Num beijo efervescente
Ferida aberta
Em meio às cinzas
de um Carnaval
Onde ferve
uma só foliã

Emudecida celebração, vã
Dessa chaga, não se sara
Goza-se.



— Alana Marroquim, Mar. 2022

Polish me

You left a stain in my heart, of your black ink blood, of your black ink love. I wear my inky bruises quite proudly, because if you look close enough they might be mistaken as fine art in the rough.

— Alana Marroquim, Mar. 2022